sexta-feira, 13 de março de 2015

The one after the diagnosis





Eu tenho recebido muitas mensagens de pessoas querendo saber como está o marido e como foi (e está sendo) todo o processo, pedindo dicas etc... Calma gente, eu vou escrever o máximo que eu puder, mas eu sou detalhista e é com todos os detalhes mesmo que quero ir contando nossas histórias...

Bom, passado o choque inicial foi a hora de pensar em como seguir em frente e qual seria o próximo passo. O medo de perder o único homem que eu amei de verdade, o único homem que escolhi para ser pai dos meus filhos, já havia passado. Nós decidimos que iríamos lutar e iríamos vencer, juntos, com fé, amor e união! Nós decidimos que faríamos de tudo para que os meninos não sentissem que estávamos passando por esse drama.

O diagnóstico foi dado em uma sexta feira, e passamos o final de semana como zumbis, chorando escondido um do outro pelos cantos da casa e nos agarrando aos pequenos como se fosse o último abraço... Mas NÃO! Não seria o último e nós iriamos lutar.

Na semana seguinte nós resolvemos fazer uma visita ao pai do Matt para contar o que estava acontecendo, assim o velhinho (de 81 anos, só que mais forte do que eu se bobear) iria ver que Matt estava bem, forte e pronto para a batalha.

A esta altura minha família toda já sabia, lá no Brasil. Na sexta feira mesmo eu liguei para meus país e contei tudo, aos prantos, segurando meu bebê... Eu juro que, em 31 anos de vida, nunca vi meus pais chorarem tanto!

Matt tomou todo o cuidado para não usar a palavra câncer durante a conversa com o pai dele, que foi bem tranquila. Ele sempre foi muito cuidadoso com as palavras e não queria que, o fato de sua mãe ter morrido de câncer, fizesse com que seu pai se desanimasse.

Nos dias que se seguiram as coisas se agravaram. O tumor progrediu rapidamente e em poucos dias ele não conseguia comer, se sentia enjoado e queria vomitar o tempo todo, como se a comida toda estivesse tentando voltar... E estava.

O gastro dele resolveu colocar uma sonda que desceria pelo seu nariz até o duodeno, para que ele recebesse alimento e se sentisse forte. Mas ao tentar o procedimento a surpresa: o tumor havia crescido tanto que estava bloqueando o duodeno e a comida não tinha pra onde ir. Rapidamente eles esvaziaram seu estômago e decidiram fazer uma cirurgia para, literalmente, mudar o duodeno de lugar, assim a comida encontraria uma outra saída e o sistema digestivo faria seu curso "normal" de volta.

Matt se internou no sábado, logo pela manhã e a cirurgia foi feita a tarde. Eu não fui vê-lo, não pude, não tinha ninguém para ficar com meus meninos, então ajoelhei e rezei, com toda minha fé, para que a Virgem Maria o cobrisse com Seu Manto Sagrado e o livrasse de qualquer sofrimento, simplesmente porque ele não merecia! E ainda acho que ele não merece tudo isso...





Nos falamos por telefone, já era noite e eu avisei que iria vê-lo com os meninos no dia seguinte. 

As borboletas no meu estômago voavam como se estivesse indo encontrá-lo no aeroporto depois de uma longa viagem. Só que dessa vez junto com meus dois pacotinhos.. 

O quarto era grande e arejado, a cama estava bem no meio e lá estava ele, com roupa de hospital, meias de compressão, cabelo bagunçado, olhar cansado, porém feliz... Otimista, mesmo com uma sonda enfiada em seu nariz. Pronto, o pior tinha passado.

Durante q cirurgia, com muita inteligência, o médico colocou uma sonda semi permanente, que fica presa na barriga dele, entra pela pele e vai direto até o duodeno. No caso de Matt perder muito peso ou por algum motivo não conseguir se alimentar oralmente, a sonda estaria ali. Clever huh?! 

Matt se recuperou como um guerreiro! E em 10 dias teve e primeira sessão de quimioterapia. Eles queriam ser muito agressivos com as drogas, pelo fato de Matt ser relativamente jovem e (tirando o câncer) saudável. Não teve muitos efeitos colaterais, somente muito cansaço...

O tratamento chamado Folfirinox, seria administrado a cada duas semanas e tem duração de 3 dias. Um dia no hospital, por 5 horas recebendo fluidos e mais 46 horas recebendo mais fluidos lentamente. Para isso, Matt é conectado a um tipo de garrafinha que fica liberando o líquido por quase dois dias. Duas enfermeiras então vêm até a nossa casa e o desconectam.

Depois do segundo tratamento as coisas mudaram... Matt teve muitos efeitos colaterais, ficou muito enjoado, fraco, com muita fadiga, muito sono, teve uma infecção urinária e ficou na mira dos médicos, pois queriam que ele recebesse um tratamento forte, mas ele precisava estar pronto para isso. Então ele foi obrigado a tomar antibióticos para a infecção e por conta disso o tratamento número 3 teve de ser adiado. 

Depois disso Matt teve uma outra infecção, no peito, mas foi tratado com antibióticos e logo estava pronto para mais um tratamento. 

O plano era fazer uma tomografia depois do tratamento de número 6, geralmente funciona desse jeito. Mas depois dessas duas infeções, seu oncologista, Dr. Dhillon resolveu pedir uma tomografia adiantada, depois de quatro sessões, que teve o resultado de: doença estável. 

Se eu estava desapontada? Sim! Mas o médico me garantiu que esta era uma boa noticia. Nos explicou que existem 3 possibilidades: progressão, regressão e estabilidade. E só a primeira era má notícia. 

Depois da sessão 7, Matt desenvolveu uma inflamação no fígado e teve que ficar sem fazer o tratamento por 6 semanas. Até esse ponto, Matt estava comendo de tudo, normalmente, embora tenhamos tirado a carne da nossa casa por 3 meses, (tivemos que voltar a comer carne por conta de uma anemia que Matt teve), tentávamos fazer com que Matt ganhasse peso ou, pelo menos, não perdesse mais peso, afinal ele já havia perdido 14 quilos. 

Então conversamos e resolvemos mudar a alimentação completamente, para que seu figado não sentisse tanto os efeitos da quimioterapia e que pudéssemos continuar atacando o câncer, enquanto fora da químio, o máximo possível. 

Depois de 6 semanas sem quimioterapia Matt estava se sentindo ótimo! E realmente ficou triste nos dias que antecederam o tratamento de número 8. Ele me confidenciou que estava meio apreensivo para voltar ao tratamento. Bless him! 


Nós não esperávamos que teríamos uma surpresa tão boa, porém, quando estávamos no hospital. Para quem não sabe, antes de cada tratamento, o paciente de câncer faz exames de sangue. Entre outras coisas eles checam a "marca de tumor" que conta o quanto o câncer está ativo. Cada tipo de câncer tem uma sigla, e a do câncer de pâncreas é a CA19-9. 

Em janeiro, quando Matt teve de parar o tratamento, seu CA19-9 estava acima de 4000. E 6 semanas depois, sem tratamento, com dieta, o CA19-9 havia caído para 689, descendo ainda mais para 126 no tratamento 9. Eles não checaram no tratamento número 10 então não posso contar como está no momento. 

Durante todo esse tempo, foi como se estivéssemos em uma montanha russa. Alguns dias bons outros ruins, mas a vida é assim de qualquer maneira, não é? A esperança e a fé crescem a cada dia, assim como cresce nosso amor. Eu sei que Matt vai se curar, ninguém precisa me dizer isso, eu sei porque eu sinto... Eu sei porque eu quero, nós queremos e Deus não vai nos ajudar, ELE já está nos ajudando. 

E é assim que Matt é esta hoje. Fazendo o tratamento, seguindo em frente, cheio de fé, coragem e força, doido pra terminar logo o tratamento, mas que seja feita a vontade de Deus, se ele tiver de fazer mais sessões, ele fará e por aí vai...

Então, há algumas eu sonhei que Matt não tinha nada. Que nunca tinha tido câncer, que eu vivia reclamando de tudo, querendo sempre mais e mais e que ele estava triste e de "saco cheio" e me pedia o divórcio, que não aguentava mais aquela situação. Não foi sonho, foi pesadelo ne?! 

E daí que na semana passada tive outo sonho, como se fosse a continuação... Nesse sonho eu estava mega triste, querendo me reconciliar com ele, e ele estava irredutível, sozinho, na dele, mas longe de mim e não queria voltar... 

Naquela manhã acordei aos prantos... Contei pra ele o sonho chorando muito, não porque tinha sonhado que ele não me queria, mas porque pude ver como seria minha vida sem ele... E isso eu não quero nem sonhar... Nunca mais... 

Parecia, porém, um aviso de Deus, me mostrando o que poderia ter acontecido com a nossa vida, com o nosso amor. E então aquela coisa que disse em outro post volta neste: tudo acontece no tempo de Deus, e só dEle! Porque Ele sabe de todas as coisas!

Até a próxima. 







2 comentários:

  1. Voce eh a pessoa mais importante pro Matt. A fe move montanhas! :) Fani x

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  2. Oi Adriana...que triste saber que seu amor está passando por isso. :(
    Continuem confiantes em Deus e sigam o tratamento com fé e tudo vai melhorando até a cura. Deus está no controle de tudo. Ficarei na torcida e em oração por vcs. Abraço
    Rejane Nunes (no Face)

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